O atendimento às mulheres vítimas de violência oferecido no DF é referência no país, segundo o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional, que investigou essa modalidade de violência e considerou a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) como uma das melhores do Brasil.
O texto ressaltou, ainda, que o resto do país precisa inserir temas relativos à violência contra a mulher no currículo escolar do ensino fundamental, atividades essas que são desenvolvidas no DF desde o início do ano.
De acordo com a secretária da Mulher, a capital federal também saiu na frente ao aumentar o orçamento da pasta em 60%: "Com esse incremento no orçamento demos um salto de qualidade muito grande. De modo geral, a CPMI veio reforçar algo que já estava sendo encaminhado".
CENÁRIO –
A população do DF é formada por 1,3 milhão de mulheres e 1,2 milhão de homens, dados do Censo de 2010. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, é a oitava unidade da Federação no ranking de violência contra as mulheres e ocupa a 17ª posição na lista de cidades mais violentas para o gênero.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do DF, nos dois primeiros meses deste ano foram registrados 2,4 mil casos de agressões com 1,9 mil vítimas, com a cidade de Ceilândia no primeiro lugar do ranking de violência.
"Vemos este número como uma expressão de que as mulheres estão atentas à necessidade de denunciar. Reconhecemos que este problema não é só delas, mas do Estado, do governo e por isso atuamos para oferecer todo o suporte necessário", enfatizou Amância.
A cozinheira Flausina Pereira, 51 anos, recebe o acompanhamento oferecido pelo GDF há um ano, depois de ser agredida pelo esposo, e, por 20 anos, também pelo filho viciado em drogas.
"Tinha muito medo de denunciar. Não tinha ajuda nenhuma e esse problema destruiu minha família. Já entrei na frente de revólver, já apanhei com socos, já sofri muito. Só eu sei o que passei para me livrar disso", contou.
Ex-moradora de Belo Horizonte (MG), a cozinheira conseguiu segurança apenas no DF, ao ser atendida nos postos da Secretaria da Mulher.
"A Secretaria da Mulher é a minha casa, a minha vida, onde tenho amigos e sou assistida por psicólogos e advogados. Aqui é onde tenho segurança e onde posso recomeçar", enfatizou.
O serviço de atendimento às vítimas também foi elogiado pela dona de casa L.S., 19 anos, que foi agredida pelo esposo por 6 anos. Assistida pela Casa Abrigo, ela, que foi ameaçada de morte e sofreu diversas agressões físicas e verbais, se diz "aliviada".
"Nesses seis anos dei muitas chances para ele e decidi acabar com tudo aquilo indo à delegacia. Eu não podia estudar, trabalhar ou sequer sair de casa. A partir do momento que cheguei à delegacia fui bem atendida, estou em segurança e recomendo que todas as mulheres denunciem", destacou.
As mulheres que quiserem obter esclarecimentos ou fazer denúncias devem entrar em contato com os números 156, opção 6, serviço que conta com três linhas exclusivas de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.
Outro canal de atendimento às mulheres é o Disque 180, serviço que funciona em nível nacional.
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