O trânsito nas rodovias federais brasileiras é violento e a distração é apontada como a primeira causa de tragédias. Em um único ano, dos 192.188 acidentes registrados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), 47,77% deles ocorreram, porque o motorista dirigia sem a devida atenção. Das 8.661 vítimas mortas, pouco mais de um terço perdeu a vida, porque algum condutor foi relapso. No Pará, o sonho da policial rodoviária Vanessa Siffert de garantir a segurança nas estradas acabou interrompido por um motorista que falava ao celular enquanto dirigia. Para coibir os excessos, há propostas no Congresso Nacional de endurecer a punição aos infratores. Mas falta consenso a respeito.
Nem sempre a desobediência acaba bem. A história de Vanessa encerra a série de reportagens publicadas desde quinta-feira pelo Correio e reforça o perigo de comportamentos cotidianos do motorista. A mãe dela, a artista plástica Marilene Pazzini Lobo Siffert, 78 anos, lembra que, aos 14, a filha colocou na cabeça que seria bombeira militar. “Nem pensar! É muito perigoso”, advertiu. A menina cresceu. Formou-se em administração e turismo, falava fluentemente inglês e francês. Mas o desejo de ajudar o próximo falou mais alto. Passou no concurso para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e foi trabalhar em Belém.
Vanessa morreu aos 36 anos, após ser atropelada enquanto fazia o bloqueio de uma rodovia em Ananindeua (PA), em 2006. O empresário Márcio Assad Cruz Scaff estaria alcoolizado e ainda falava ao celular no momento do acidente, segundo a denúncia feita na Justiça. Ficou preso e pagou fiança de R$ 25 mil para ser libertado. Desde então, sete anos se passaram. Mas a dor permanece para a mãe de Vanessa. “Fui lá (Belém) só para autorizar os médicos a desligarem os aparelhos. Tive que fazer essa coisa horrível. Não havia mais solução para a vida dela”, conta, emocionada.
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